segunda-feira, 29 de junho de 2009

Da nicotina

Uma daquelas segundas onde se acorda querendo mudar o rumo das coisas ,como se precisasse de melhorar em vários aspectos e o tempo do acontecimento gera angustia!!!
Preciso parar de fumar,realmente ando preocupado com meu sentimento de impotência frente a saciedade que o pito me traz...E daí parece macumba ou uma conspiração das forças negras que em vão acham que tem o poder de alterar a energia do titio aqui!! Tenho o corpo blindado minha gente...Aqui só energia boa,já passei da época da insegurança e do medo de gente ruim.Mas voltando ao assunto: passei em três farmácias pra comprar o adesivo de nicotina e NENHUMA tinha o bendito salvador da pátria,ou melhor ,de um futuro câncer de pulmão ...
Esses dias tive um sonho bizarro e acordei rindo do poder e da inteligencia da linguagem do inconsciente. Descobri um caroço na minha bolsa escrotal e eu mesmo fiz a operação,quando incisei meu saco,sabe o que saiu de lá de dentro? Uma carteira de marlboro light box com a foto da impotência virada pra mim...Afe meu Deus,que mensagem inteligente e auto-protetora,só um idiota pra continuar fumando.
Logicamente, não vai ser hoje.Hoje fumarei me despedindo e enquanto a brasa queimar inversamente a vontade de parar aumentará...Me livrarei de vc,seu dia está próximo pra que os meus venham longos e prósperos!!!!
Me desejo força bruta e que eu honre meus culhões!!!

sábado, 27 de junho de 2009

Dia doce

Ainda acordo com você preso no primeiro lampejo de consciência sentindo sua falta e ainda de olhos fechados tentando em vão esfregar os braços na textura acetinada do meu lençol de algodão egípcio azul pastel...os dedos se contraem apertando o lençol dentro da mão ,como se o gesto te colocasse mais próximo de mim... Abro os olhos e o que vejo é apenas o teto,viro pro lado e vejo minhas coisas ainda em cima da cama,uma parafernália que tem me dado muito gosto nesses últimos dias...Minha nikkon,meus cds ( Nara leão,Little Joy,Júnior Boys e Keane ...),meu laptop e as cuecas brancas que comprei anteontem. Me espreguiço lentamente e abro os olhos com você dentro de mim, como se estivesse guardado de uma maneira só nossa . Lisiane entra no quarto e pergunta: vc ainda aqui? Posso arrumar o quarto? Ela não te vê,ela não compartilha e nem imagina o mundo etéreo que existe ali naquela hora dentro da minha mente mirabolante...Eu digo : só um minuto Lisi,logo já levanto...E daí pulo da cama e te deixo adormecido,acendo um cigarro como companheiro e coloco little joy em with strangers onde a melodia nostálgica me devora e eu adoro ficar processando e destilando esse sentimento até te entender,entender esse significado tão surreal ...Abro a janela e avisto o zoológico,agradeço o dia e faço aquele contato com o céu como de costume e vc logo volta cambaleante , sorriso torto e barba por fazer...Os cabelos estrategicamente desgrenhados e eu te guardo novamente,peço pra que fique bem e vibro uma energia tão doce,tão leve e tão intensa...O corpo reage e a testosterona matinal borbulha num frenesi adolescente,corro pro banho quente e me despeço ali pra começar meu dia...
Hoje é quadrilha do Bruninho,fui ao shopping transferir e doar meu instinto paterno pra ele...O dindim já te disse pra parar de pedir tanta coisa, já compramos a calça,o milk shake ,o sorvete e agora ioiô? Não mesmo,chega ! Vamos jogar na loteria que o dindim tá sentindo um dia de sorte...Cruze teus dedinhos e faça duas figas com o pensamento bem forte que é pra gente ganhar...
Fiz um bolão com 112 possibilidades e Bruninho mais dois jogos,descemos pra garagem e voltamos pra casa começar a preparação pro arraiá!!
Pronto Bruninho,pode descer,dindim te ama!!! Com o sol laranja nos cílios longos de Bruninho ele sorri com os dentinhos mistos,me dá um abraço e na inocência mais pura e bela que já vi ,me pergunta com a testa franzida: Dindim ,já posso descruzar os dedos?

Auto bronca

Preciso de arreio !!!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Num domingo provável

Chego junto com as primeiras luzes do dia, olheiras nada discretas, com o frio de lá fora preso nas pontas dos dedos. Entreabro a porta, fazendo anteparo para não deixar muita luz entrar. Tiro a roupa devagar e me enfio debaixo do edredon num esforço quase hercúleo para não te acordar. Só que esqueço do seu sono leve, você desperta a termo de me perguntar: "Como foi seu dia?". "Longo", respondo. E sorrio. Daí você me abraça, encaixa minha cabeça no seu braço, tipo travesseiro. Tão pecado, logo domingo, estarmos acordados às sete da madrugada. E adormeço.
O sono é confuso, afinal, o sono da manhã nunca é tão repousante. Nos flashes que tenho, só reconheço coisas vagas ao longe: às vezes parece bossa nova, às vezes parece qualquer coisa brit-rock. Você não está na cama, presumo pelo vazio grande ao meu lado. Falta energia para sair, então deixo-me ir ficando na preguiça destes dias tão raros de folga. Até que, entre cochilos, sou acordado às lambidas pelo schnauzer mais lindo do mundo. Numa das vezes em que você veio velar meu sono, esquecera a porta aberta. Ainda demoro minutos, espreguiço-me longo pra começar o dia. Ao sair da cama, pego o cachorro de surpresa e murmuro baixinho: "Que seja doce, sete vezes". E levanto.
Atravesso o quarto meio zumbi, cabelo vergonhosamente desgrenhado, chego a sala e você não está. A música permanece, abafada pela porta trancada. Ainda tento girar a maçaneta e você me manda embora, pra não estragar a surpresa. Gosto de surpresas, sorrio. Refaço o caminho, tiro toda roupa numa hesitação monstruosa e entro no chuveiro. Água quente, para dilatar todos os poros. O banho é premeditadamente demorado, fico vigiando a porta na esperança de você entrar. Nada acontece, mas não me aborreço. Troco-me, coloco uma polo branca que gosto tanto, aparo a barba deixando-a estrategicamente desleixada, roubo seu perfume para sair cheirando pimentas pretas. Quando chego a sala, tudo parece cheirar o mar. Da cozinha, cantam sobre o Corcovado, o Redentor, que lindo. A porta está aberta.
Te abraço pela cintura, antes de você perceber minha chegada. Roço a barba devagar naquele canto esquecido perto da orelha: é minha forma silenciosa de te dizer boa tarde. Na panela, ainda borbulhando, são polvos. Reclamo que, pra mim, minha parte predileta nos polvos são aquelas ventosas grudentinhas que ficam na boca e a gente tem que ficar mastigando mastigando tipo chiclete sem gosto e você sorri e me empurra na parede dá dois beijos desliga o fogo quase deixa o prato cair e daí me abraça forte com a mão escapando até minha nuca e me afaga tão ternamente que suspiro porque eu gosto tanto do seu jeito de me adular e daí de repente penso que sou feito de milhares de moléculas e fico com medo de sei lá derreter pelo chão meio Céline meio Jesse tão tonto dessa vertigem que estamos sentindo...

Saio assim desse jeito

Eu sei, é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim
do que eu preciso é lembrar,me ver
antes de te ter e ser teu
o que eu fazia,o que eu queria,o que mais.
que alguma coisa agente tem que amar,mas o quê?
não sei mais!
os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais
e mesmo assim eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar !!!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Confissão e desejo número um

Final de semana saciado e sentimento de frágil ou falsa plenitude.Na verdade essa ansiedade da chegada á plenitude e felicidade total,esperando estarmos bem sucedidos,felizes e com muito dinheiro no bolso nada mais é do que uma constante eterna neste orbe terrestre ,denso e cheio de provações!!

Falarei agora do afeto,meu polvo afeto querendo ser UM ,querendo ser a lança certeira embebida de curare apaixonante e amoroso!! Talvez o afeto polvo seja a prévia e sirva como uma das maneiras de se chegar ao estágio LANÇA, logicamente por me fazer experimentar e naturalmente me sintonizar com o mais afim . Isso tá me parecendo leilão e/ ou vestibular sentimental,mas me sinto dessa maneira e não vou me culpar,nem ficar encanado,até pq nada disso é escondido e não engano ninguém!! E também é temporário!!

Há de se frizar que isso não é promiscuidade! O que é promiscuidade?
Promiscuidade é um rodízio frequente e intenso sem afeto? Acho que sim.
Promiscuidade é a enganação seguida de envolvimentos perigosos e sem responsabilidade (principalmente nos cuidados e na prevenção de DSTs ) ? Também acho que sim.

Conceituações a parte, escrevo pelo que sei e digo por mim,mesmo nas minhas escuridões abissais e nas raríssimas vezes do sexo mecânico -urgência da carne- goza logo que quero ir embora, habita pelo menos um sentimento solidário fraterno com a intensidade que o momento exige.

Mas pq estou revelando gratuitamente questões tão íntimas e secretas? Me pego na obrigação de uma auto -explicação no mínimo psicanalítica pra isso.Dentro da instantaneidade do pensamento, pinço de imediato que é da minha vontade , todas as pessoas conseguirem ser coerentes consigo mesmas ...Talvez isso traria mais afeto e menos culpa, deixaria mais leve essa atmosfera mental dolorosa e patológica que envolve nosso planeta, tão castigado pelos lamentáveis tropeços de nós, bichos -homens providos de inteligência e livre arbítrio onde o pagamento das próprias arbitrariedades fica cada vez mais caro , pavoroso e apocalíptico!!!

sábado, 20 de junho de 2009

Expurgo do luto

E já que fiz jus ao nome desse portal com a publicação de Wyslawa,começo de maneira Rodrigueana dramática,escrever sobre tantas coisas que andam habitando minha mente.Acho que nunca tive tantas janelas e tantas gavetas ...Ando hipersensibilizado e paradoxalmente frio e racional.Das mais novas é essa saudade que me tira o eixo ...Aliás,acho que o luto por São Paulo está passando,hoje mesmo acordei e fiz a barba, melhorei a cara e tirei o peso da pele ,me deu a impressão que os olhos levantaram e o viço da cútis retornou de maneira rubra e saudável!! O luto não está ligado a nenhuma pessoa e sim à vontade de morar na desvairada...E por falar em pessoas e São Paulo,preciso deixar o frio na espinha passar completamente e aproveitar a sensação do peito se abrindo com calafrios!!
Pessoa São Paulo, ah se você soubesse da diferença do que é dito e já vivido com o real tamanho,se eu pudesse ficar ao teu lado pra te mostrar,pra te fazer,pra te descobrir ...Ah se eu pudesse...

Nada duas vezes


Nada acontece duas vezes
e nem acontecerá. Por este motivo
nasceremos sem prática
e morreremos sem rotina.

Mesmo que fossemos os mais estúpidos
alunos do mundo na escola,
não vamos repetir
nenhum inverno, nenhum verão.

Nenhum dia se repete,
não há duas noites iguais,
dois beijos do mesmo jeito,
duas mesmas trocas de olhar.

Ontem, que alguém pronunciou
teu nome alto perto de mim,
foi como se uma rosa me tivessem
atirado por uma janela aberta.

Hoje, que estamos juntos,
virei o rosto para a parede.
Rosa? Como é uma rosa?
É uma flor? Talvez uma pedra?

Por que tu, hora ruim,
te confundes com um medo desnecessário?
Se és – então tens de passar.
Se passarás – então será bela.

Sorridentes, abraçados,
tentaremos buscar um acordo,
mesmo que sejamos diferentes
como dois pingos de água limpa.

Wisława Szymborska, Tradução de Tiago Halewicz, Memória Cultural Polonesa.